quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Show de Recife

Aí vai o relato de uma fã que assistiu ao show das Chicas no último dia 17 em Recife... se alguém tiver boas fotos pra ilustrar o post eu agradeço...



"Primeiro, tivemos o Teatro do Parque, com a ausência de Fernanda(que estava grávida) e as falhas técnicas já conhecidas de quem costuma assistir apresentações naquele palco. Depois, a coisa ficou mais complexa: no Teatro Guararapes, por motivos que nada tinham a ver com a banda, o show foi resumido à meia dúzia de músicas tocadas por outra meia dúzia de instrumentos.

Longe de terem sido experiências ruins - o talento e a competência de Fernanda, Amora, Paula e Isadora; o repertório do primeiro e a intensidade do segundo show; vários fatores garantiram a qualidade de ambas as apresentações. Mas haviam sido, não se pode negar, experiências incompletas.

Recife queria mais.

No último sábado, após um pequeno atraso, elas entraram no palco do Teatro da UFPE sob um clima geral de ansiedade e expectativa acumulados pelos shows anteriores. Meus olhos percorreram o palco como que para se certificar de cada detalhe. Procurei a quarta integrante e não a encontrei no lugar costumeiro. Quase conformada com o karma que perseguia as apresentações nesta cidade, as ouvi começar a tocar Can't buy me love.

A música dos Beatles fez o que toda abertura deveria, por obrigação, fazer: introduzir os espectadores numa outra dimensão, da qual somente é possível retornar alguns minutos após o término do bis. Então o jogo de luzes a revelou: Isadora estava ali, tocava bateria. E tocava com gosto. Tudo se encaixava direitinho. As vozes se uniam no refrão daquela forma quase mágica que só elas sabem fazer. Senti alívio: nada de karma dessa vez.

Emendaram com 'All we need is Love', o que foi muito justo. E então puxaram 'Rap do Silva', música que, tocada num teatro, chega a ser uma covardia. Por duas vezes quase levantei para dançar, mas tive medo de atrapalhar a visão de quem estava atrás e ser acertada por algum objeto não identificado.

Os que esperavam todas as músicas do repertório antigo, somente encontraram 'Espumas ao Vento' (interpretada por Paula de uma forma tão visceral que poderia-se acreditar que se tratava de uma composição própria, e muito bem apoiada pela segunda voz das outras integrantes), Divino Maravilhoso e Androginismo, além de o Quereres. Para alguns, foi o suficiente. Para outros, ainda não foi a hora de preencher a lacuna dos outros shows.

Um dos pontos mais tocantes aconteceu com Isadora ao piano, cantando A Terceira Margem do Rio, canção na qual ela declama trechos do conto homônimo de Guimarães Rosa. A história do patriarca que entra numa canoa e vaga pelo rio, sendo às vezes avistado pela família, e nunca mais retorna, concentrou a atenção do público de uma forma absurda. O solo de Amora foi na música Achou e o de Fernanda, na música Meu Menino. Impecáveis.

Caras e Bocas foi tocada numa roupagem irreconhecível, retornando ao arranjo da abertura da Novela somente no refrão. Funcionou. A Espingarda de Rolha foi, junto com a música O Cofre, um dos momentos mais divertidos. Claro que a letra da música contribuiu, mas Amora Pêra incorporou o papel e foi a frente do palco molhar o público com um revolvinho d'água. Aliás, a presença de palco dela estava bem diferente e infinitamente melhor do que nos outros shows. Muito bom!

As piadas de Paula são um parágrafo à parte. O "chama eu, televisão" foi deixado, claro, de lado, mas como sempre, fez questão de lembrar aos fãs de adicionar o .br no endereço do site, caso contrário, poderiam se deparar com as "chicas" erradas. Aliás, esse é um dos pouquíssimos problemas da banda: o nome é muito genérico. Uma busca desavisada pelas meninas no Google pode ter resultados, digamos, frustrantes.

A iluminação do palco estava bem planejada e executada. Já a decoração remetente ao álbum "Em tempos de crise nasceu a canção" que estava sendo lançado, ficou faltando, mas não chegou a atrapalhar o resultado final do espetáculo.

Músicas como Você e Geraldinos e Arquibaldos fizeram falta, porque traduzem bem a banda e ajudaram a construir a identidade e a imagem das Chicas. Tão de Longe e Oração também, assim como Me Deixa, mas não se dá para ter tudo e é natural que o repertório se renove. Quando for lançado um DVD duplo talvez todos saiam satisfeitos. Talvez...

Apesar de não ter sido pedida em uníssono, 'Ter que esperar' foi a música escolhida para encerrar o show. Difícil é ter que esperar até o próximo show..."

Texto: Cacá Macena(www.poemastardios.blogspot.com)

Um comentário:

Sammyra Santana disse...

queria tanto, tanto ter ido nesse show... mas tava trabalhando! ;(
quero as chicas aqui no interior do ceará de novo!
mas o relato foi tao bem feito que me senti lá!
bjo